Relato de uma amamentação prolongada...
Eu, 5 minutos depois do parto, reconhecendo Anahi e sendo reconhecida! |
Depois de conseguir meu PNAC (Parto Normal Após Cesárea)
domiciliar, natureba, sem intervenção nem laceração como eu sonhei, ainda em
êxtase por ter sido tão lindo e rápido, obviamente me veio à cabeça: “Eu
consegui, fim dos meus problemas!”
Lá estava eu, ensinando meu bebê a mamar, aprendendo a
amamentar (uma vez que “não consegui” amamentar minha primogênita), sorrindo,
em êxtase... mal sabia o que estava pra acontecer!
Meu leite estava lá, aos litros, muito leite... Anahi mamava
com vigor... eu me dedicava... mas... doía!
Eu me preparei pra parir e não sabia o que fazer com aquela
dor que me incomodava e que, sabe-se lá porque, julguei como normal, como
adaptação, julguei que era assim mesmo e que logo passaria. Afinal, dor é no
parto, amamentar é só alegria... não?
Não... comigo não foi bem assim!
Não passou a dor.
Doeu ainda mais... comecei a procurar informação de quando
aquilo passaria, comecei a querer saber se era mesmo sempre assim, mas nunca,
em hipótese alguma, pensei em desistir.
O que eu sabia sobre amamentação era que valia a pena
insistir. Bom... se tinha que insistir é porque não devia ser fácil pra
ninguém, e não ia ser eu que ia privar minha filha disso. Um leite tão bom,
forte, na temperatura certa, sempre ali prontinho pra ela.
Mas aí... doeu mais... sangrou!
Começou a ficar dramático, eu não conseguia botar nada de
roupa... passei muito tempo no quarto com os seios de fora... tive febre... li
TODAS as receitas milagrosas que supostamente me salvariam daquilo tudo...
lâmpada, sol, bota pomada, não bota pomada, bota meu leite, água quente,
compressa, arruma a pega. Tive febre... O maridão foi essencial, sofria junto,
me abraçava, e nessa de “receitas milagrosas” ele que ia comprar ou buscar tudo
que nos recomendavam, além de ser minha segurança, pra que nada me faltasse
enquanto eu precisei parar tudo e me dedicar aquele momento.
Anahi quando dava sinais de fome, eu já começava a chorar...
ia doer, ia machucar... sofria por antecipação... e minha menina apenas estava
com fome... sofria mais por não querer passar meu sofrimento pra ela... quanta
culpa junta.
Insisti... li manuais... arrumei a pega... sangrava...
doía... insisti mais.
Anahi ganhava peso... devagarinho mas ganhava... e com o
peso dela aumentava minha força, minha convicção... não desisti... insisti...
um, dois, três dias... seguimos...
Ganhei um produto de uma ativista desconhecida (Obrigada <3). Umas plaquinhas refrescantes, frias e gelatinosas que
me faziam relaxar... sentia meu peito sempre muito quente e isso me ajudou
muito. Era amamentar, deixar o peito sequinho, colocava as plaquinhas e quando
passava o incômodo, tirava as plaquinhas, limpava o seio e aguardava a próxima
mamada. Dias e dias assim...
Até que um dia eu parei de chorar...
Segue o ritual... e outro dia parou de sangrar...
E, cerca de 25 dias depois do parto, senti a dor começando a
ir embora... devagar... sensivelmente... mas ia.
Aí botei o nariz na rua... comecei a saborear a amamentação
com prazer, tudo fez sentido, tudo era lindo e colorido... vivi meu puerpério,
minha amamentação prazerosa, amamentei, alimentei minha filha... percebi que o
que me faltou foi empoderamento e coragem pra amamentar minha primeira filha,
mas ali, naquele momento, eu estava realizada e MUITO feliz!
Isso foi em 2011... amamentei Anahi por exatos 3 anos... um
prazer infinito!
Ela mamou pela última vez dia 11.04.2014... dia do
aniversário dela... e não tenho nada a ver com essa decisão dela. Ela que parou. Disse que a partir daquele dia
ia mamar com a mão e não mais com a boca. Aí, até hoje, dorme e se aconchega em
mim com as mãozinhas no meu seio. rsrsrs
Estou grávida, 20 semanas... vem mais parto e mais
amamentação... hoje já sei que amamentar com dor não é normal, e caso eu venha
a sentir qualquer coisa que não seja felicidade e prazer, vou procurar um
especialista, pois já aprendi que cada filho é único e não vou ficar tateando
no escuro até me achar mais uma vez... foi dolorido... valeu MUITO a pena...
mas doeu!
Tenho que fazer um agradecimento especial ao maridão...
Vagner... minha proteção sempre, essencial em todos os momentos. Uma barreira
firme e forte entre os pitaqueiros e eu. Que confiou em mim e me ajudou em cada
minuto. Que não me ofereceu outras soluções “aparentemente mais fáceis”! Minha
fortaleza!!! <3
E obrigada Anahi... por ser a minha professorinha! Tão
pequena... e me ensina tanto até hoje...
<3